Por que os hotéis na Europa e no Reino Unido têm tantos problemas com ar-condicionado?

Descubra por que tantos hotéis na Europa e Reino Unido não oferecem ar-condicionado eficiente – da crise energética pós-guerra da Ucrânia a construções históricas e cultura de sustentabilidade. Um guia completo para quem planeja viajar em épocas de calor.


O desconforto que pegou os turistas de surpresa

Você planeja uma viagem dos sonhos para a Europa no verão, escolhe hotéis charmosos em cidades históricas, tudo parece perfeito… até descobrir, já instalado, que o ar-condicionado mal funciona — ou pior, nem existe. A sensação de calor sufocante nos quartos surpreende muitos turistas brasileiros, especialmente vindos de regiões mais quentes onde o conforto térmico é uma exigência básica. Mas por que isso acontece?

Neste artigo, vamos explicar por que é tão comum encontrar hotéis na Europa e Reino Unido com problemas de climatização, e como a guerra da Ucrânia influenciou diretamente esse cenário nos últimos anos. Vamos explorar também aspectos históricos, culturais, arquitetônicos e até estratégias que você pode adotar para evitar esse desconforto em sua próxima viagem.


1. A crise energética na Europa e o impacto da guerra na Ucrânia

O ponto de virada mais recente para o problema de ar-condicionado na Europa foi a guerra na Ucrânia, iniciada em 2022 com a invasão russa.

Dependência energética e cortes de gás

Diversos países europeus eram fortemente dependentes do gás natural russo, tanto para calefação no inverno quanto para o funcionamento de usinas elétricas que alimentam hotéis e empresas no verão. Quando a guerra começou, o fornecimento foi drasticamente reduzido, provocando uma crise energética sem precedentes.

Medidas de emergência e economia de energia

Diante da escassez e dos preços elevados, a União Europeia e os governos locais adotaram regras rígidas para contenção de energia, incluindo:

  • Limites máximos e mínimos para o uso de ar-condicionado e aquecimento;
  • Proibição de ar-condicionado em espaços públicos em determinadas faixas horárias;
  • Incentivo a práticas sustentáveis e instalações de baixo consumo energético nos hotéis.

Um exemplo claro foi a Espanha, que impôs temperatura mínima de 27ºC no ar-condicionado de ambientes fechados durante o verão.

Essas medidas afetaram diretamente a operação hoteleira, forçando muitos estabelecimentos a desativar aparelhos antigos ou limitar seu uso, mesmo que o calor se tornasse desconfortável para os hóspedes.


2. Construções antigas e prédios históricos

Grande parte dos hotéis europeus está localizada em edifícios antigos, muitos com status de patrimônio histórico. Essas construções são lindas e charmosas, mas enfrentam grandes desafios quando se trata de modernização.

Problemas de estrutura

  • Instalar sistemas de ar-condicionado moderno exige obras complexas, que muitas vezes não são permitidas por lei.
  • As paredes grossas, o sistema elétrico antigo e a limitação de espaço tornam inviável a instalação de dutos de ar central.

Preservação x conforto

Em cidades como Florença, Paris, Lisboa e Edimburgo, os hotéis ocupam prédios do século XVIII ou XIX. Alterações na fachada ou no interior para colocar split ou ar central podem violar normas de preservação, resultando em multas ou perda de licença.


3. A cultura europeia e o conceito de “clima ameno”

Historicamente, o clima da Europa sempre foi mais ameno que em regiões tropicais. Isso influenciou os hábitos culturais e arquitetônicos de forma profunda.

Uso de ventilação natural

  • Janelas amplas, tetos altos, cortinas térmicas e paredes espessas foram pensados para manter os ambientes frescos sem depender de ar-condicionado.
  • Em regiões como a Escandinávia, Suíça, Áustria ou Reino Unido, ainda é comum a ideia de que “basta abrir a janela”.

Mudança climática recente

Com o aquecimento global, isso mudou: as ondas de calor se tornaram mais frequentes, e países como França e Alemanha registraram temperaturas acima de 40ºC nos últimos verões. O problema é que as construções e o mindset local ainda não acompanharam essa nova realidade.


4. Custo elevado da energia e sustentabilidade

Manter ar-condicionado ligado o dia inteiro em um hotel com 30, 50 ou 100 quartos na Europa não é barato. A energia elétrica nos países europeus é significativamente mais cara que no Brasil, em grande parte devido a:

  • Alta carga tributária;
  • Políticas ambientais rígidas;
  • Redução da dependência de combustíveis fósseis.

Pressão por certificações sustentáveis

Muitos hotéis, especialmente os de redes internacionais, preferem manter selos ecológicos (como o Green Key ou EarthCheck), o que implica reduzir drasticamente o uso de aparelhos de alto consumo energético, como o ar-condicionado.

Resultado:

O hóspede sofre com noites mal dormidas, enquanto a gestão hoteleira tenta equilibrar conforto e consciência ambiental — nem sempre com sucesso.


5. Aumento do turismo de países tropicais

Outro fator importante é o perfil dos viajantes que visitam a Europa.

Nas últimas décadas, o número de turistas de países como Brasil, Emirados Árabes, Índia e Sudeste Asiático cresceu exponencialmente. São regiões onde:

  • O ar-condicionado é item básico de conforto;
  • A expectativa de hospedagem inclui controle térmico eficiente.

Essa mudança de perfil pegou muitos hotéis europeus de surpresa, já que o público local e tradicionalmente europeu não valorizava tanto o ar-condicionado como os turistas atuais.


6. Soluções adotadas por alguns hotéis – e como você pode se proteger

Felizmente, alguns hotéis estão se adaptando, ainda que lentamente.

Estratégias adotadas:

  • Instalação de ar-condicionado portátil nos quartos mais quentes;
  • Renovação gradual com sistemas de climatização sustentáveis;
  • Avisos nos sites e plataformas de reserva indicando quartos com ar-condicionado garantido (fique de olho nos filtros!).

O que você pode fazer:

  1. Leia os comentários de outros hóspedes em sites como Booking, Google e TripAdvisor, especialmente os que viajam no verão europeu.
  2. Use os filtros de “ar-condicionado” ao buscar hospedagem.
  3. Prefira hotéis mais novos ou redes internacionais, que costumam ter infraestrutura moderna.
  4. Evite reservar direto no site do hotel sem antes verificar a política de climatização.
  5. Viaje com um ventilador portátil USB ou até roupa de cama térmica leve (há modelos próprios para viagens).
  6. Se for fazer turismo no auge do verão europeu, considere destinos mais frescos, como regiões montanhosas, litoral norte ou países nórdicos.

7. O que esperar no futuro?

Com o aumento das temperaturas e o crescimento do turismo global, a tendência é que mais hotéis passem a instalar sistemas de climatização – mesmo que discretamente. Porém, isso levará tempo.

Tendências para os próximos anos:

  • Expansão de sistemas ecológicos como bombas de calor reversíveis;
  • Uso de climatização central invisível, compatível com prédios históricos;
  • Pressão dos turistas (principalmente de fora da Europa) por maior conforto térmico;
  • Incentivos da União Europeia para reformas sustentáveis na hotelaria.

Conclusão: prepare-se para o calor europeu

O desconforto térmico em hotéis europeus não é frescura – é uma questão real, agravada por um conjunto de fatores complexos: crise energética pós-guerra, prédios históricos, cultura local, custos elevados e mudanças climáticas globais.

Saber disso ajuda você a se preparar melhor e evitar surpresas durante a viagem. Ao escolher hotéis com atenção e adotar estratégias simples, é possível garantir noites frescas e bem dormidas — mesmo no calor de Paris, Roma ou Londres.


RoseDenni

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